terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre Chico Mendes e outras Leituras

Ontem pela manhã, fui contar histórias num Jardim de Infância aqui da minha cidade chamado Algodão Doce.
Depois que voltei da companhia daquelas crianças tão fofinhas e tão interessadas na história, apesar de tão pequenas, fiquei pensando no quanto vale cada  passo que dou nessa caminhada que a vida me escolheu, que é escrever para crianças.
É muito dificil  publicar no Brasil. É muito  dificil lançar um livro no Brasil e principalmente vender a obra.
O livro que escrevi sobre Chico Mendes, apesar de ser para crianças, conta a vida e a morte deste brasileiro fora do comum.
Não é uma leitura fácil. O mocinho morre no final.
Mas  espera aí, o mocinho deixa uma mensagem de esperança. de vida, de ressureição....
É isso que vejo nos olhos das crianças.
Elas entendem a ecologia de forma bem simples. Elas sabem tudo de preservação da naturureza. as crianças  tem o mistério de saber  o que nós adultos  teimamos em refutar...
Por isso elas prestam atenção na história, e ficam chateadas quando descobrem que o Chico morre no final do livro.
Mas o mais interessante é que eles descobrem também que é possível continuar o sonho do Chico.
É possível sim.
É só  a gente querer.

4 comentários:

Luiz da Motta disse...

Fátima,

Li seu livro do Chico Mendes. Parabéns! De fato, a vida dele rende mesmo uma boa narrativa.

Nâo gostei de um ponto e queria registar aqui construtivamente.

Trabalho com floresta. Um dos focos é familiarizar as pessoas com nossas florestas.

Percebi que sua história fortalece mitos que não ajudam as pessoas a se aproximar delas.

Ali parece que a floresta oprime as personagens. As distancia do mundo, das pessoas.

Não sei se deveríamos tratá-las assim. Prefiro pensar que nossas florestas, no lugar de isolar, na verdade, protege os ribeirinhos, a fauna e as águas, que bebemos.

Culturas milenares ainda estão lá, porque a floresta (tão grande como o mundo, pensando como Guimarães Rosa) as protegeu e preservou.

Outra questão, que não concordo é que floresta só dá lucro pra bandido.

Meu trabalho é também criar valor para nossas áreas florestais. Para que não sejam substituídas por pastagens. Vc já imaginou quanto vale a chuva que a floresta amazônica joga para a agricultura do Centro- sul? Os recursos que oferecem, se bem manejados, podem distribuir benefícios diretos pra quem vive protegido por elas.

Esse, aliás, é o ensinamento que o Chico Mendes deixou. Mas tá difícil de disseminar.

Se vc quiser ajudar, tenho certeza que ele vai ficar feliz lá onde estiver (no meio do mato, tenho certeza).

Parabéns, pelo livro.

abraços,

Luiz Motta

diario da Fafi disse...

Oi Luiz.. Toda a crítica é benvinda viu?
Eu também tenho uma relação muito forte com a Floresta.
Sou Ecologista, sou consultora ambiental, meu marido é engenheiro Florestal, e trabalhamos com indios nambiquaras em MT na divisa do cerrado com a Floresta amazonica.
Amo caminhar pela floresta, seja na Mata AtLãntica, na Floresta Amazonica ou no cerrado.
Quando viajo, a mata me chama e eu acolho seu pedido com humildade. Comcordo que o livro tem alguns pormenores a serem cuidados numa segunda edição, mas não consegui perceber a cristalização dos mitos... Se vc puder me ajudar a localizar, ficaria feliz.
Quanto a dar lucro, foi no caso especifico da situação do Chico e dos madeireiros da região que na época ficaram apavorados com toda a repercusão internacional que o Chico estava fazendo, de abrir os olhos do mundo para a Amazonia e os abusos que eram feitos contra o povo ribeirinho e pior, contra a propria floresta.Tenho andado com o livro em varias cidades, e o publico alvo parece entender bem que a floresta não é o fator que impede o Chico de sonhar e crescer. A propria Floresta deu tudo a ele, e fez dele o homem que se tornou. Esse livro é apenas uma semente. A vida do chico ultrapassa suas poucas páginas.
E além do mais crianças que trabalham e não estudam, não são personagens apenas de livros ou de florestas.
Nossas cidades estão cheias delas.Este livro é só uma homenagem humilde de uma pessoa que se sente profundamente honrada de ter vivido e respirado o mesmo ar do Chico, de ter sido contemporânea a ele, de ter sonhado os mesmos sonhos e de ter chorado a sua vida e sua morte.
Eu sei de tudo que a floresta e capaz...mas quem sabe isso não é um tema para um proximo livro?

Vamos conversando.

Um beijo grande pra ti.

Luiz da Motta disse...

Legal que nao ficou chateada. Livros sao como filhos, né.

Mas internet tá aí pra isso...

Quando digo mitos é que tenho lido muita ficção sobre a Amazonia, principalmente de gente de lá.

E o que sempre encontro é essa crença segundo a qual a floresta é um ambiente sempre inimigo.

Luiz da Motta disse...

Sei das condições, sim.

Mas não encontrei um texto, cujo autor tenha escrito com o cheiro da floresta na alma.

E percebo que mesmo quem mora por lá nao se preocupa com isso.

Escrevi uma materia, que acho que vc vai gostar. Veja só: http://bit.ly/aJfaNL


abs,

Luiz